Indicação de Cursos - Fundação Bradesco Escola Virtual - Fotos e Vídeos
Nesta Trilha, você conhecerá o contexto histórico da fotografia, desde sua origem (em meados de 1826), até os tempos atuais, das tão conhecidas e já popularizadas fotos digitais.
Você aprenderá sobre criação e edição de imagens utilizando dispositivos móveis, conhecerá um pouco sobre teoria das cores, definição e resolução de imagens digitais e terá base para fotografar e manipular fotos com o seu aparelho celular.
Você também conhecerá o aplicativo Windows Fotos, que permite a edição de arquivos de imagens e a criação de vídeos, com a aplicação de efeitos e áudios, fundos musicais e gravação de imagens.
Ao finalizar esta Trilha, você estará apto(a) a tirar fotos com mais qualidade, além de ter conhecimento para publicá-las nas redes sociais ou imprimi-las, se for o caso.
Link do curso: https://www.ev.org.br/trilhas-de-conhecimento/fotos-e-videos
Indicação de Cursos - Fundação Bradesco Escola Virtual - Edição de Fotos e Vídeos com Windows 10
Fundação Bradesco Escola Virtual Edição de Fotos e Vídeos com Windows 10
Neste curso, você conhecerá o aplicativo Windows Fotos, terá um panorama dos recursos disponibilizados e aprenderá os principais conceitos sobre esse aplicativo, que permite a edição de arquivos de imagens e criação de vídeos.
Você vai descobrir como essa ferramenta pode auxiliar na criação de vídeos promocionais, informativos e vídeos utilizando fotografias.
Link do curso: https://www.ev.org.br/cursos/edicao-de-fotos-e-videos-com-windows-10
Som Ao Vivo: Material gratuito de Sonorização
https://www.somaovivo.org/downloads/textos-diversos/
MIC IN e LINE IN em mesas de som: uma tremenda confusão
Em sonorização, basicamente temos dois tipos de fontes sonoras que ligamos nas mesas de som: microfones e instrumentos.
Microfones existem dos mais variados tipos e formatos. A maioria é feita
para voz, mas existem inúmeros feitos para uso específico com
instrumentos musicais, aliás, muitos feitos especificadamente para um
determinado tipo de instrumento. Mas ainda assim, é tudo microfone.
Já quando falamos em instrumentos, a coisa complica, porque existem
vários tipos. Existem os instrumentos acústicos, que produzem som por si
só. Em geral, são dotados de caixas ou tubos de ressonância (o “corpo”
de um violão é sua caixa de ressonância), que amplificam o som das
cordas ou peles vibrando ou do ar passando, caso dos instrumentos de
sopro.
Qualidades necessárias ao operador de áudio
Qualidades necessárias ao operador de áudio
Treinamento de uma Equipe de Som - Parte 3
Treinamento
de uma Equipe de Som - Parte 3
|
Autor: Fernando A. B. Pinheiro |
Parte
3: Envolvendo músicos e cantores no trabalho
Dá
um trabalhão. Muito trabalho mesmo. Final de semana para
descansar... nem sei o que é
isso nesses últimos tempos. Problemas mil a serem resolvidos. Refazer, consertar, testar tudo! Nada pode falhar. E também muito importante, treinar!
Para
se conseguir um bom resultado no som, não basta apenas melhorar a
Equipe de Som.
É necessário envolver músicos e cantores no trabalho. O treinamento se estende a eles.
Conversei
com o responsável pelo grupo, conversei com o pastor para ele
autorizar o “empréstimo”
do pessoal, e então marcamos um ensaião no domingo.
14:00h
– equipe de som – montar tudo
15:00h
– músicos – fazer passagem de som só deles.
16:00h
– cantores – fazer passagem de som de todo o grupo.
O
início foi tenso. Muito tenso. Descobrimos novos e graves
problemas no sistema de som,
de arrancar o restante do meu cabelo. Dei muito brigueiro nos meninos do som... ainda bem que já me conhecem... Descobrimos:
-
os cabos dos mics sem fio falhavam
-
os cabos entre a mesa e o rack (amplificadores e periféricos)
falhavam
-
os cabos das caixas de som falhavam.
-
os cabos dos retornos de fones dos músicos falhavam.
Os
cabos dos microfones dos cantores a gente já havia revisado, e
graças à Deus funcionaram
bem. Então, pelo menos vozes a gente tinha. Problema enorme foram os músicos, que tiveram que tocar mais “pela fé” que pelo retorno...
“É...
até o próximo sábado, teremos que refazer isso tudo....”
pensei. Por outro lado,
descobrimos os problemas da reunião passada (vide parte 2 do artigo). Agora, é consertar tudo ANTES da próxima reunião.
Bem,
com o ensaio prejudicado (deu para cantar vários hinos, mas foi
muito aquém do que
poderia ser), por culpa do som, aproveitamos para ter uma boa conversa com o grupo todo. Eu já teria que fazer isso mesmo...
Expliquei
para todos que, para se ter uma boa sonorização, o trabalho
envolve três partes
distintas, mas intimamente unidas: equipe de som, cantores e músicos. O resultado, bom ou mal, é obtido pela soma do desempenho dessas três partes, e não uma ou outra sozinha. Se o resultado for ruim, não existirão um ou dois culpados. O grupo todo será o culpado.
Bem,
falar isso é fácil, difícil é demonstrar para eles como isso
se aplica na realidade.
Para isso, nada melhor que ensinar o uso de microfones.
CANTORES
Expliquei
aos cantores o básico: como usar corretamente um microfone. As
regras gerais são:
-
sempre próximo à boca da pessoa
-
usado em posição horizontal
-
sempre segurar pelo corpo, não pelo globo do microfone.
-
um microfone para uma pessoa.
-
nunca, nunca, nunca, apontar o microfone em direção à nenhuma
caixa de som
-
quando não estiver sendo usado, o microfone deve ficar no colo,
apontado para o corpo
da pessoa
Estudamos,
então cada uma dessas regras:
a)
Sempre próximo à boca
É
incrível, mas tem gente que aponta o microfone para um lado e
canta para o outro.
Ou então, que usa o microfone vários centímetros (algumas dezenas de centímetros) afastados da boca...
Contei
o caso da moça que tocava teclado e cantava. Coloquei um pedestal
com um
microfone na frente dela, e ela cantou vários hinos assim, em grupo, sem o menor problema. Até que pediram que ela fizesse um solo, só que ela não lembrava a letra... alguém então providenciou a folha, só que essa pessoa estendeu o braço de lado, e para ler a moça teve que virar a cabeça... e o microfone ficou apontado praticamente para o ouvido dela. Mostrei como ficou (ela lendo a letra com o pescoço virado, o microfone apontado para o ouvido), e obviamente o resultado ficou horroroso.
Expliquei
então... o microfone foi usado errado, por culpa da usuária (e
da pessoa sem noção
segurando a folha), mas aos olhos da igreja... o problema foi culpa lá do “menino do som” (eu). Isso é um ótimo exemplo de “trabalho em equipe” no pior sentido, ou melhor de como o erro de um afeta o outro.
Também
peguei um microfone e, na frente de todos (é importante envolver
os músicos nesse trabalho),
mostrei a diferença que é usar o microfone próximo da boca e longe da boca. Mostrei o que nós do som conhecemos como “efeito de proximidade”, mas que para os homens mostrei de outra forma:
“senhores...
quanto mais próximo, mais grave fica a voz. Quanto mais longe, os
graves são perdidos
(mostrei o efeito na prática). Então é simples: baixos, se vocês cantarem com o microfone longe, vamos colocar vocês para sentar com os tenores. Tenores, se vocês cantarem com os microfones longe, vamos colocar vocês para sentar com as contraltos”.
Pronto,
um monte de risadinhas (é bom para descontrair) vindo das irmãs.
É a senha para dar um puxão
de orelhas nelas também.
“Senhoras
contraltos, o mesmo se aplica a vocês. Quem quiser sentar com as
sopranos,
é só usar o microfone longe. E sopranos, não pensem que vocês são sortudas. Microfones usados longe captam pouco som, e então precisamos dar muito ganho, o que aumenta a chance de microfonias. Quem usar assim acabará é sem som algum. Meus meninos tem ordem de, se notarem alguém segurando errado, é para cortar o som da pessoa. Antes deixar um sem som que ter microfonia no culto”
Pronto,
agora alguns rostos espantados, surpresos e talvez até
indignados. Mas é a realidade.
Em um grupo de 16 vozes, qualquer microfone pode causar problemas, e é melhor sacrificar um que perder os 16 para uma microfonia.
b)
Usado na posição horizontal
Eu
comecei explicando que Televisão não é referência para ninguém
no uso do microfone. Na TV, a
imagem da pessoa é tão importante quanto o som da pessoa. Então, por causa disso, lá o pessoal segura microfone igual segura um sorvete.
Então,
mostro as diferenças entre o som captado a 0º (microfone na
horizontal, paralelo à boca) a 45º
(máximo limite aceitável, ainda fica razoavelmente bom) e a 90º (microfone na vertical, igual um sorvete). Sem variar o tom de voz, só variando a angulação do microfone, demonstrei as grandes diferenças de captação.
As
cabeças balançando afirmativamente garantiram que eles
entenderam.
c)
Sempre segurar pelo corpo, nunca pelo globo
Conto
a seguinte história:
“um
dia, em um solo para 1.000 pessoas, o sujeito, cantor bem
conhecido por todos vocês aqui
(um rapaz da nossa denominação que já gravou vários CD´s), me segura o microfone pelo globo. O som fica péssimo, mandam parar e começar de novo. Novamente, ele começa cantando e o som continua péssimo.
Mandam
parar de novo, perguntam então o que está acontecendo com o som.
1000 pessoas se
voltam para o som. Como perguntaram e pediram uma resposta... pegamos um microfone e falamos: “pastor, pede para ele segurar o microfone pelo corpo, não pelo globo do microfone, que é o que ele está fazendo”. Agora... 1.000 pessoas se voltam para o rapaz.... que segura o microfone certo e canta e a voz flui muito bem.
Gostei
muito do acontecido... era um ensaião; havia centenas de cantores
lá... que tenho certeza aprenderam uma valiosa lição. E espero
o mesmo de vocês.”
Pego
então um microfone, seguro ele pelo globo, igual a um cantor de
rap faz, deixando só um buraquinho para a passem de som, e mostro
a diferença que fica no som entre segurar pelo globo e segurar
pelo corpo.
d)
Um microfone para uma pessoa.
“Na
nossa denominação, se deixar, colocam 40, 50, 60, 200 pessoas
para cantar! Já vi muitos casos de 1 microfone dinâmico para 2
pessoas, 1 microfone dinâmico para três, e até mais que isto, e
o pobre sujeito do som que se vire para tirar um som bom dali. Só
que não dá, o departamento de milagres fica em outro setor, não
no som. Aqui, o melhor que podemos fazer é usar um microfone para
uma pessoa.
Mas
como eu sei que vocês vão querer tentar pelo menos 1 mic para 2
pessoas, pelo menos vamos fazer isso certo. Rapazes, preciso de um
voluntário (pego a laço um sujeito)....
É
o seguinte: para isso funcionar, as bocas tem que estar bem
próximas. Então, aconselho um abraçar o outro (faço isso com o
voluntário), agora inclinem a cabeça de um no outro (faço isto)
– cuidado com os piolhos (risadinhas), agora aproximem as bocas
um do outro (ficam perigosamente próximas)... Isto, assim mesmo,
se for desse jeito vocês podem usar um mic para duas pessoas.”
Bem,
a posição em que eu e o rapaz ficamos foi bastante
constrangedora, e arrancou boas gargalhadas do pessoal. Ah, o
sacrifício que a gente faz para ensinar. Ainda bem que ninguém
tirou foto... E pronto, agora eles entendem porque usar um
microfone para uma pessoa.
d)
nunca, nunca, nunca, apontar o microfone em direção à nenhuma
caixa de som
“A
pior coisa que acontece, em uma sonorização, é uma microfonia.
A microfonia é terrível, tira a comunhão do povo. E deixa o
operador de som de cabelo em pé. E o pior, o rapaz que controla a
mesa de som não tem um, mas tem 32 canais para cuidar, e um
problema seriíssimo é identificar, no meio de 32 canais, quem
está originando a microfonia.
Então,
informo a todos uma surpresa: que a tarefa de prevenir/evitar as
microfonias não é apenas de responsabilidade do operador de som,
mas principalmente dos usuários dos microfones! Vocês! Aliás,
muito mais responsabilidade do usuário que do operador de som!”
(faço
uma pausa e observo a cara de espanto deles. 100% nunca tinha
imaginado isto)
Explico
então como surge a microfonia. “O microfone, apontado
erradamente em direção à caixa de som, passa a captar o seu
próprio som, gerando uma realimentação que desponta em
microfonia. Alguém aí quer ouvir uma microfonia, para saber como
é?” (risadinhas... alguns comentam que nas suas igrejas as
microfonias são diárias, já fazem até parte do culto...).
“O
segredo, gente, é então nunca nunca nunca apontar o microfone em
direção a nenhuma caixa de som. O microfone é para ser usado
‘de costas’ para a caixa”. (mostro alguns exemplos: caixa de
retorno no chão, microfone de costas para o retorno; caixa de PA
em cima, microfone para cima, de costas para a caixa de PA).
“O
mesmo vale para os músicos. Para vocês é mais fácil, pois os
microfones são geralmente colocados em pedestais. Mas observem
que nós, quando colocamos os microfones, os deixamos de costas
para a caixa. Vocês, na hora de usar, vão ter que posicionar os
microfones no local correto em relação ao instrumento, mas
lembrando de manter o microfone de costas para a caixa.
Companheiro
do violão, tem um detalhe especial só para você. Teclado,
guitarra e contrabaixo nunca causam microfonia, porque não
trabalham com microfone. Mas os violões ‘elétricos’ tem um
microfone interno, que está sujeito a microfonia. A solução
para você é se sentar ‘torto’ em relação aos outros
músicos, de forma que a “boca” do violão fique de costas
para a caixa. Isso SEMPRE e em qualquer lugar, inclusive na
igreja. Você nunca pode sentar na frente da caixa de som de
retorno, tem que sentar ‘de lado’, de forma que o som chegue
no seu ouvido, mas não no mic do violão.
Fazendo
isso, vocês estarão ajudando demais o operador de som. Com um
grupo que sabe usar corretamente os microfones, não há problemas
de microfonia, então ele pode se preocupar com os outros
usuários, que não sabem usar microfones e não querem
aprender... (aponto para o local onde ficam os pastores). Mas
vejam: é muito mais fácil se preocupar com 5 microfones (aponto
novamente para o local dos pastores) que com 24 com microfones
(músicos +cantores) juntos. Isso sim é um verdadeiro trabalho em
equipe.”
----------------------------------
Observação
para outros operadores de som. Eu conheço bem o que é diagrama
polar, o que é cardióide, supercardióide, etc e tal. Mas a
prática já me ensinou que não dá para explicar isto para
músicos e cantores, pois é muito técnico. Como no Anfiteatro os
microfones são cardióides e eles estão posicionados exatamente
de frente para a caixa de retorno deles, então simplifico e aviso
que é para usar os microfones sempre nesta posição, de costas
para caixas.
e)
quando não estiver sendo usado, o microfone deve ficar no colo,
apontado para o corpo da pessoa
“O
controle de microfonias trás conseqüências não só para o uso
do microfone quando forem cantar, mas também para quando não
estiverem cantando, apenas segurando o microfone.
Quando
sentados, o microfone irá ficar no colo de vocês, apontados para
a barriga! Nessa posição, ele dificilmente captará o som de
caixa acústica, no máximo uma barriga roncando (risadinhas).
E
tem mais: notem que o microfone fica, no colo, na posição
horizontal. E ele sobe, quando for para cantar, também na posição
horizontal, e desce novamente para o colo, ao final do hino, na
posição também horizontal.”
(mostro
então o movimento, sobe, canta e desce, sempre na horizontal).
“Notem:
o microfone ficará durante todo culto na posição de costas para
a caixa. Chance de microfonia será mínima, e o operador de som
poderá se preocupar com outras coisas.”
Então
aparece alguém (tem sempre alguém) que fala “mas o que é que
tanto esse operador de som tem que fazer?” Eu respondo: “ali
tem 750 botões (chutei o valor, mas deve ser por aí para mais),
e eu quero que ele saiba exatamente o que cada um faz. Pois quando
dá problema, ele tem 1 ou 2 segundos para encontrar o botão
correto e fazer o que precisa fazer.” Pelo queixo caído da
pessoa, percebi que ela entendeu.
“Músicos
que usam microfones (cordas, metais): vocês também NÃO PODEM
mexer na posição do microfone. Se vocês precisarem se mexer, é
a cadeira que se move para trás, não o microfone, que permanece
sempre na posição onde dá menos microfonia.”
Conto
então a história do músico violinista que, espaçoso que só
ele, acabado o louvor e no início da pregação, resolve virar o
pedestal para poder ganhar espaço, apontando diretamente o
microfone para a caixa. Microfonia na hora, todo mundo olhando
para mim, inclusive ele, como se não fosse com ele.
PRÁTICA
Acabada
a aula, vamos cantar...
Nas
primeiras vezes, coloquei eles para cantar e fiquei do lado.
Acertos como posicionamento e segurar certo no globo são normais,
tem que ser corrigidos na hora mesmo. Por mais que você fale, que
você demonstre, na hora de cantar, eles vão continuar errando. A
única solução é ver a pessoa segurando errado, ir lá, mostrar
como segurar correto.
Mas
na hora da prática surgem alguns novidades. Por exemplo, uma moça
segurava o microfone bem longe da boca. Aproximei o microfone da
boca, saia de perto e ela afastava. Na terceira vez, mandei parar
e perguntei:
“Moça,
qual parte do ‘segurar o microfone bem próximo da boca’ você
não entendeu? Eu aproximo, você afasta, eu aproximo, você
afasta... desse jeito não dá”.
“É
que eu canto muito mais alto que as outras sopranos... então me
acostumei a afastar o microfone” ela falou.
“Ah,
tá...Na mesa de som, há um controle de ganho do microfone, é
possível resolver esse seu problema. Você canta muito forte? Vou
dar pouco ganho. Alguém aí canta muito fraco? Vamos dar muito
ganho. No final, teremos um conjunto de vozes devidamente
equilibradas, e você pode e deve usar sempre o microfone muito
próximo da boca, que é o correto.”
“Alguém
mais aí canta muito forte? Quem canta fraco?”
(o
pessoal foi falando, fizemos os ajustes, melhorou bastante)
--------------------------
Observação:
esse é o típico erro que um operador de som pouco informado
induz ao usuário do microfone. Os recursos das mesas de som,
ganho e mesmo o fader de volume, servem exatamente para isto.
Outro
problema foi com o rapaz que faz solo. Ele cantou um hino mais
lento, e a cada frase do hino ele subia e descia a mão.
Imaginem... fala a frase... desce o microfone... segundos depois
sobe, canta a próxima frase... desce o microfone....
Parei
tudo e falei:
“Gente,
há um problema (dei pausa e abaixei o microfone)
(levantei
microfone) O XXX está segurando o microfone assim (dei pausa e
abaixei o microfone)
(levantei
o microfone) Não sei o que está havendo (outra pausa e abaixei o
microfone)
(levantei
o microfone) alguém pode me explicar?”
Repeti
exatamente o que ele estava fazendo... Uma grosseria mal-educada o
que eu fiz, mas era uma situação que tinha que ser consertada.
O
cantor tinha L.E.R (Lesão por Esforço Repetitivo). Como minha
esposa trabalhou muitos anos com telemarketing e desenvolveu
L.E.R. nas mãos, saquei logo...
“ah
camarada, porque você não falou logo? Gente, pega aí um
pedestal.... põe para o rapaz.... pronto. Só pedir, companheiro,
a gente está aqui para isso.” Problema encerrado.
Cantamos
mais alguns hinos... negócio estava melhorando... hora de
complicar....
“Todo
mundo de pé! Vamos cantar o próximo hino de pé”
Gente,
foi hilário. Uma moça levantou... mas segurou o microfone
EXATAMENTE como estava antes, ou seja, na altura da boca com a
pessoa sentada. Só que agora, com a pessoa em pé, a boca
subiu... e o microfone ficou embaixo, apontado para a barriga.
“Para
tudo! Ninguém se mexe, estátua”. Gente, agora olhem para essa
moça aqui... Moça, desculpa aí, mas se a boca sobe, o microfone
sobe também” (gargalhadas gerais). Pensei: arranjei mais uma
inimiga, mas agora ninguém mais erra desse jeito.
Canta
o hino... indo bem... até que tem no meio do hino um intervalo
instrumental... o que alguns cantores fizeram? Abaixaram o
microfone, deixando ele na vertical (igual a um sorvete), apontado
para a caixa de PA, logo acima do grupo. Lá vem a microfonia.
“Para,
para tudo. Só porque o hino tem um momento instrumental vocês
NÃO PODEM virar o microfone, apontar para a caixa. Querem
descansar o braço, então apontem o microfone para baixo (a caixa
estava acima, não abaixo deles).
Aliás,
esse é um momento bom para acrescentar uma coisa. De vez em
quando, os pastores pedem uma glorificação por parte de um dos
irmãos cantores, porque sabem que vocês tem microfones. Aí que
mora um grande perigo. Como o operador de som não sabe qual
microfone será usado, ele tem que liberar todos. Nessa hora, o
perigo de microfonia aumenta demais. Então, façam o seguinte:
-
se estiverem sentados, microfone no colo, virado para a barriga,
encostado nas roupas, que ajuda a abafar o som. Quem for orar se
levanta para orar e leva o microfone.
-
se estiverem em pé, quem não for orar aponta o microfone para
baixo.
Por
que isto? Porque para o operador de som, identificar quem está
orando no meio de 16 microfones ligados é complicado. Mas na mesa
de som há uma luz de sinal, e vocês fazendo assim, a luz de quem
estiver orando ficará acesa, enquanto a luz de quem não não
estiver estará apagada. Com uma passagem de olho nos canais ele
identifica quem está cantando e pronto, resolvido. Isso é
trabalho de equipe.”
Continuamos
cantando. Alguns hinos tiveram que ser cantados 5 vezes a
introdução, até ficar boa, mas tudo bem, isso é assim mesmo.
MÚSICOS
“Vocês
estão aí na maior folga, achando que não tem problema algum,
não é? Pois estão muito enganados. Vocês precisam estar
PREPARADOS para uma batalha.
O
que eu vou ensinar para vocês servirá para não só no
Anfiteatro, mas também quando vocês forem tocar em outras
igrejas.
Em
Efésios 6, encontramos a Armadura de Deus para enfrentar uma
batalha espiritual. Ela envolve um capacete, um cinto, uma espada,
um calçado, um escudo, uma couraça. Assim como um soldado não
vai para uma guerra sem estar preparado, vocês, músicos,
precisam estar sempre preparados para tudo.
Mais
cedo, na hora dos músicos chegarem (14h), me aparece aqui o
baterista (todo mundo olha para o rapaz, coitado). Chegou aqui e
foi perguntar se aqui tem bateria (há sim, mas sem pratos).
Companheiro, se você tem que chegar às 14h e não sabe se tem
bateria, você tem duas opções: ou chega mais cedo, telefona
para alguém, vai descobrir se tem bateria ou não, ou então
carrega a sua própria bateria”
O
que não pode é você ir para a guerra despreparado. Veja só:
você chegou aqui 14:00h, descobriu que não havia pratos, teve
que ir buscar, só chegou 14:40h. Se é uma reunião, o que você
vai fazer? Eu, sendo responsável, vou mandar você nem tocar.
Veio despreparado? Então senta lá no fundo, porque isso aqui é
uma batalha espiritual e não precisamos de quem está
despreparado.
Guitarrista.
Você chegou aqui com uma pedaleira, pediu uma extensão. Hoje nós
te arranjamos, mas foi a última vez. Se você sabe que precisa de
energia elétrica, não fica esperando pelos outros não, se
prepare. Você precisa comprar uma extensão, vende em qualquer
supermercado, é barato. Porque vai ter dia que você vai chegar e
ninguém terá uma extensão.
Vamos
fazer uma lista?
Tecladista.
Você precisa carregar:
-
dois cabos. Um para funcionar e outro de reserva.
-
suporte de teclado (pedestal)
-
fonte
-
pedal
Guitarrista.
Você precisa
-
três cabos: um da guitarra para a pedaleira, da pedaleira para a
medusa (nota: lá não temos ainda Direct Box), outro cabo de
reserva
-
afinador
-
fonte da pedaleira
-
palheta
-
pilha/bateria 9V se o seu instrumento for ativo
-
extensão de energia.
Baixista.
Você precisa
-
dois cabos, um para usar e outro de reserva
-
afinador
-
pilha/bateria 9V se o seu instrumento for ativo
Baterista
O
ideal é você se informar antes sobre o local onde vai tocar, se
tem bateria, se a mesma é boa, se está afinada, etc. Pergunto:
você já deve ter tocado por aí e encontrado muita bomba, não
é? (ele responde afirmativamente, várias vezes). Pois é, ao
final, a impressão que o pessoal fica é que você tocou mal, e
só você mesmo sabe que na verdade a bateria é que não prestava
(ele concorda). Pois é, então você precisa se precaver contra
isso.”
Ele
retruca: “mas eu vou ter que carregar uma bateria então, e não
tenho condição disso”.
“Olha,
eu tenho vários amigos bateristas que carregam seus próprios
pratos. Mas eu tenho um amigo, o melhor baterista de todos, que
carrega pratos, chimbal, caixa, pedais e banco. Cabe tudo no
porta-malas do Golzinho dele, e ele disse que isso já o salvou de
cada bomba... Mas o que eu quero dizer é que você terá o som na
medida do seu esforço. Se você não pode carregar nada, vai se
sujeitar a pegar bomba. Se pode carregar tudo, será sempre o seu
som, do jeito que você gosta.
Flautista,
Trompetista e Saxofonista
A
vida de vocês é mais tranqüila. Pelo menos aqui, no Anfiteatro,
microfones e pedestais é por nossa conta, a responsabilidade é
nossa. Lá fora... Deus abençoe vocês” (risadas... ).
PASSAGEM
DE SOM
Uma
coisa que fui muito muito enfático. Precisamos passar o som ANTES
do público chegar nos eventos. E isto quer dizer: equipe de som
com tudo preparado 1 hora antes do evento, e músicos e cantores
chegando 1 hora antes do evento, para passarmos o som por 30 a 40
minutos.
Em
um hino de solo, a voz do cantor ficou praticamente inaudível na
primeira frase do hino. Parei tudo e expliquei que é exatamente
isso que acontece quando não há passagem de som. Não se sabe
qual o volume deve ser deixado para o microfone, então os
operadores de som ou deixam baixo para depois aumentar, o que só
vai resolver lá pela segunda ou terceira frase, ou começam alto,
correndo um risco de microfonia.
A
única solução para isso é fazer a passagem de som antes do
evento, onde o nível ideal será identificado. Lembrei o caso de
um casamento que fiz, onde a cantora solista teve que pedir
licença aos noivos (que já estavam entrando na igreja) para
passar e assumir o seu lugar. O solo obviamente foi uma tragédia,
e o exemplo da necessidade de passagem de som ficou bem firmado.
Como
tem sempre alguém que pergunta... “mas resolve se passar o som
no dia anterior? Tem evento que a gente tem que sair do trabalho e
ir para lá, enfrenta trânsito, dá problema”
Expliquei
que existem diferenças na regulagem do som causadas por questões
climáticas. Um som de dia, no calor, exige uma regulagem
diferente do som feito à noite, mais fresco. É pouca regulagem,
mas ela existe sim. Chuva, por outro lado, exige muito mais
regulagem, muda praticamente tudo. Então, a passagem de som é
exigida SEMPRE ANTES DO EVENTO.
Contei
também de um outro casamento que fiz. Fizemos um ensaio na
sexta-feira, para o casamento no sábado. Mas exigi do pastor e de
todos que estivessem na igreja às 18:00h do sábado (casamento
19:30h), para novo ensaio. Fui duramente criticado por causa disto
pela turma do cabelo (as mulheres e seus salões), que foram até
reclamar com o pastor. Mas 18:00h estavam todos lá.
Bem,
o rapaz que ia cantar dois hinos solos apareceu... totalmente
gripado e rouco! E agora? Como tínhamos 1 hora e 30 minutos,
outra pessoa ensaiou e preparou os solos desses dois hinos. Todo o
grupo (e principalmente o responsável) me agradeceu por insistir
tanto no ensaio às 18:00hs.
OPERADORES
DE SOM
Quero
aproveitar e falar agora um pouco da equipe de som. Nos dois
primeiros artigos, eu conversei com eles, expus uma conversa com
tranquilamente todos sentados e calmos. No ensaio... eu me
transformo de amigo em verdadeiro MONSTRO.
Gente,
eu sou pior que sargento ruim no Exército. Eu cobro, eu grito na
frente de todo mundo, eu quero um problema solucionado em
segundos. Eu cobro do rapaz a solução de um problema gritando no
ouvido dele, enquanto ele tem que descobrir onde está o problema
e resolver.
Eu
terminei os ensaios exaustos e com a voz acabada, e o pessoal do
grupo ficou horrorizado, pois não estão acostumados com um
comportamento desses. Em nenhum momento gritei com os músicos ou
cantores... (ok, talvez só um pouquinho...), mas os gritos com os
“meus meninos” eram constantes e aterradores, uma moça me
confessou depois.
Como
percebi a cara de espanto do povo, parei tudo e expliquei.
“No
dia do evento, o operador de som e o pregador são os único que
não tem direito de errar. Um pregador não pode falar besteira lá
na frente, assim com um operador de som não tem direito de errar.
Operar
som exige uma incrível capacidade de prestar atenção em tudo o
que acontece. Ele precisa VER o que os usuários fazem com os
microfones, e principalmente precisam OUVIR tudo o que está
acontecendo. Pior, precisam OUVIR o som que sai da caixa e ao
mesmo tempo OUVIR as informações que chegam pelo rádio, pelos
músicos e cantores, cada um pedindo uma coisa diferente, tudo ao
mesmo tempo.
E
o tempo máximo que ele tem para resolver qualquer problema é
sempre o mesmo: dois segundos! Se começa uma microfonia, ele tem
NO MÁXIMO dois segundos para resolver. Se um músico pede mais
volume no seu fone, mais dois segundos para resolver, e assim por
diante, um pedido depois do outro.
Gente,
operar som é viver sob pressão e terminar o evento exausto.
Poucos agüentam esse tranco. Nós temos 100.000 pessoas na nossa
denominação aqui na Grande Vitória e eu não conheço 50
pessoas que eu entregaria o som de um lugar desses para eles
cuidarem de som.
Então,
quando eu grito aqui com o sujeito que está ali na mesa, é
porque no dia do evento, é para treiná-lo para o dia do evento.
Antes de começar, será uma loucura, mil coisas para se fazer, e
ele precisa estar preparado para isto.
Então,
façam um favor para vocês mesmo: orem pelos operadores de som.
Nas igrejas de vocês, de vez em quando vão lá e dêem um abraço
neles, perguntem se estão precisando de alguma coisa. Dêem valor
para eles.”
ENSAIOS
E A EXPERIÊNCIA
Fizemos
dois ensaios já, dois domingos. O primeiro, como dissemos, foi
tenso. Inúmeros problemas por causa dos cabos (essa manutenção
foi tão grande que dá para outro artigo). Mas entre um e outro,
refizemos, montamos, testamos. O segundo foi bem melhor que o
primeiro. Na verdade, o segundo foi verdadeiramente um ensaio
geral, onde tivemos a oportunidade de aprimorar realmente as
nossas técnicas.
Então...
quase na hora de encerrar (17:00h) quando alguém ligou e
avisou... “olhem, acabamos de saber que amanhã (segunda-feira)
haverá reunião, 19:30h, aqui neste local”.
Para
tudo de novo. Vamos conversar mais um pouco.
“Quando
eu gritei, exigi, cobrei, fiz vocês ficarem longe das suas
famílias nos finais de semana, e mais um monte de coisas que você
não vê acontecer nas igrejas, tudo isto é por uma boa causa. E
essa causa chegou.
Amanhã
teremos evento. Infelizmente, essa é a realidade que vocês vão
encontrar, serem avisados “em cima da hora”. Eu fiquei até
feliz que saber do evento com 26 horas de antecedência. Há
eventos que serão marcados 18:00h para acontecerem 19:30h...
Então
nós precisaremos estar preparados para estar aqui, para chegar
cedo, para tudo. Pessoal do som: quem pode chegar aqui às 17:30h?
(um se oferece) ótimo... Cantores e músicos: quem pode chegar
18:30h? (Muitos se ofereceram).
Acertamos
os detalhes, encerramos, equipe de som ainda ficou mais uma hora
para terminar todos os preparativos.
REUNIÃO
E RESULTADO
Por
causa do meu trabalho, só pude chegar lá 19:15h. Mas fiquei
pendurado no celular com o pessoal, ligando para eles de 15 em 15
minutos. Mas me encheu de alegria chegar 19:15h e encontrar o som
todo pronto, o pessoal já cantando.
A
reunião foi PERFEITA. Quando eu digo perfeito, quero dizer:
-
sem microfonias
-
resultado agradável
-
tudo que foi cantado/falado estava alto e claro, a
inteligibilidade foi ótima.
Ninguém
elogiou. Normal, mas ninguém reclamou. Ótimo. Evento perfeito.
Nos
juntamos, glorificamos muito ao Senhor, pois foi uma vitória.
Todos muito alegres. Nessas horas, é importante comemorar. Então
gritei... “quem quer ir na pizzaria? Estou pagando”.
Ai
Jesus... já pensei na conta, mas é hora de comemorar. Fomos em
quase 20 pessoas (graças a Deus para mim, alguns não puderam ir,
mas no final o pessoal não me deixou pagar a conta sozinho,
ufa!), som + músicos + cantores. Lá descobri que o tecladista
chegou 18:40h e teve que voltar, pois esqueceu o suporte do
teclado, só voltando 19:00hs (mora próximo). Fiquei contente de
ver os outros fazendo gozação com ele por ter esquecido o
suporte (sinal que aprenderam a lição, e o tecladista nunca mais
irá fazer isso de novo).
Esse
tempo de descontração é importante, para verem que a gente não
é ruim em tempo integral, só quando precisa. Rimos, nos
divertimos, estávamos todos felizes e alegres. Graças a Deus
todos viram na prática que o esforço valeu a pena, pois Deus é
digno do perfeito louvor.
O
rapaz que ficou no comando da mesa de som, pela primeira vez na
vida (estava na equipe há 1 ano, nunca deram oportunidade para
ele) estava extasiado. Muitos parabéns para ele.
Bem,
é isso. Próximo sábado e domingo mais manutenções e ensaios,
porque muitos novos eventos vem por aí.
E
já lançamos um desafio, agora para os músicos: cada um deles:
teclado / contrabaixo / baterista / guitarrista / etc, cada um
deles formar um novo instrumentista para esse trabalho. Já pedi
que cada um levasse um outro amigo bom músico para o próximo
ensaio. Eles não entenderam, mas já lancei a próxima
necessidade a se acertar, que é ter BACKUP! Backup de equipamento
já temos, agora é backup de gente...
|
Treinamento de uma Equipe de Som - Parte 2
Treinamento
de uma Equipe de Som - Parte 2
|
|
Autor: Fernando A. B.
Pinheiro
|
|
|
|
PARTE
2: ASPECTOS ESPECÍFICOS DE UMA EQUIPE DE SOM
1)
Dê o melhor para Deus.
Falar
em “dar o melhor para Deus” é comum, todo mundo já ouviu uma
pregação assim na igreja. Mas no nosso meio, de operadores de
som e músicos, o pessoal desvirtua um pouco. As pessoas pensam,
em sua maioria, imaginam que para dar o melhor para Deus, é
preciso TER O MELHOR. Por causa desse pensamento, de TER o melhor,
a pessoa quer investir em equipamento, instrumentos caríssimos,
etc.
Errado!
Para dar o melhor para Deus você não precisa de TER o melhor,
pois todas as coisas já são d’Ele. Na verdade, você que
precisa SER o melhor, pois Deus lhe deu o livre arbítrio, então
você tem a opção de SER o que quiser, inclusive o melhor. É
completamente diferente. Já vi muita sonorização de primeira
feita com equipamentos simples, e já ouvi muito lixo ser feito
com mesa digital e caixa da melhor marca.
Para
SER o melhor, você precisa buscar estudar, se aperfeiçoar.
Querer aprender mais e mais mesmo. Vou dizer: operador de som
nunca para de estudar, porque todo dia tem um lançamento, uma
nova tecnologia, tudo novo.
O
primeiro passo é conhecer o equipamento atual. Vocês precisam
saber a função de cada botão, cada coisa. Precisam dominar a
mesa de som, os amplificadores, o equalizador. O manual dos
equipamentos será a melhor companhia nessa hora.
Depois,
invistam em aprender novas técnicas e teorias. Vão para o
SomAoVivo, vão ler os artigos, vão estudar.
Também
não se esqueçam de participar dos ensaios. Um bom operador de
som precisa entender de música e de canto também. Na mesa de
som, você faz mixagem, e precisa saber quem está desafinado,
quem está afinado, quem ajuda e quem atrapalha. Como saber isto
sem entender música/canto?
2)
A igreja de cada um precisa ser referência
Todos
vocês precisam, nas igrejas onde participam, ter o melhor som da
região. Elas precisam ser referência em boas práticas de
sonorização. Tudo o que já falamos, como identificar os
equipamentos, manter inventário, isso precisa ser feito na igreja
também.
Eu
já tive a péssima experiência de ter um membro na minha equipe,
cujos músicos da mesma igreja um dia chegaram para mim e falaram:
“esse rapaz pode até trabalhar aqui no Anfiteatro, mas na
igreja o som é uma bagunça e não funciona.
Ora,
quando se fala assim, não está falando mal de uma pessoa
especificadamente, mas de toda a equipe. Estão falando mal de
mim, como responsável. Então, naquele dia em diante, eu passei a
cobrar deles que o som nas suas igrejas fosse tão bom quanto no
Anfiteatro, e é o que eu vou também cobrar de vocês com
insistência. E se preparem, porque eu vou perguntar isso para
músicos, para cantores, para os pastores de cada um de vocês.
Deixem
eu aproveitar. Hoje mesmo, agora há pouco, um pastor chegou até
mim e pediu para colocar um rapaz da igreja dele aqui na equipe do
Anfiteatro, para ele poder aprender. Agradeci a oferta ao pastor,
mas não queria ninguém de lá daquela igreja. Expliquei que
estive na igreja dele na quinta-feira, encontrei a mesa de som com
tanta poeira em cima que escrevi “lave-me por favor” nela
(realmente, um absurdo).
Também
falei que entrei no quartinho de som da igreja e encontrei muitos
cabos jogados, muito equipamento abandonado. “O senhor sabia que
tem equipamento lá suficiente para se montar outra igreja? Há 8
caixas de PA, 2 caixas de retorno, 2 amplificadores, todos os
cabos, só falta uma mesa de som. Então o senhor converse com
eles para primeiro manter o som da igreja impecável, para depois
poderem assumir um Anfiteatro, pois aqui tudo tem que ser
perfeito”.
Evidente
que ele não deve ter gostado de uma crítica dessas, pois uma
crítica ao som da igreja dele é uma crítica indireta a ele
próprio. Mas entendeu que a responsabilidade do Anfiteatro é bem
maior e que aqui o nível de exigência é muito maior.
3)
O trabalho é em EQUIPE
Quando
eu assumi, em 2004, o Anfiteatro onde hoje estou como responsável,
o chefe na época só permitia que duas pessoas mexessem na mesa
de som. Ele só confiava naqueles dois. A equipe tinha 10
integrantres, mas na verdade era uma equipe de dois operadores de
som e oito “carregadores de caixas”.
Isso
acabou no dia em que eu assumi como responsável. Todo mundo tem
que saber tudo de tudo do som. Cada membro precisa saber montar
tudo e operar o som, e se preciso sozinho! E hoje fico muito feliz
em dizer que lá funciona assim, todos conhecem o trabalho e sabem
fazer o melhor.
O
segredo para isso é revezamento (mostro então escala de
revezamento para o evento, onde cada pessoa passaria por todas as
funções que envolvem o som). Fulano vai começar na mesa de som,
na segunda aula vai ficar lá em auxílio com os pastores, depois
vai lá para trás fazer monitoria, e assim por diante. Depois
roda de novo.
Como
estamos em seis, e só precisamos de três (três postos de
trabalho), então vamos trabalhar dois a dois. Um mais experiente
acompanhando um menos experiente. Nas aulas, quando for a
pregação, quem estiver na mesa de som aproveite para,
discretamente, ensinar tudo o que puder para o menos experiente.
E
eu sei muito bem que ensinar é trabalhoso. Cansa mesmo. Você
está sem tempo, enfrentando problemas, e ainda precisa sentar com
a pessoa do lado e explicar tudo o que está fazendo. É difícil
sim. Mas pense nisso como um investimento: você perde tempo
agora, para depois ganhar muito mais, quando tiver uma pessoa com
mesmo nível de conhecimento que você.
Agora,
uma boa medida é avisar para as lideranças tal situação. É
importante que eles estejam cientes que há pessoas em
treinamento, e que problemas podem acontecer por isto. Com certeza
elas entenderão a necessidade de formação de novos. Mas se um
pastor avisar que a reunião é mais séria e que precisa dos
melhores, o treinamento fica para outra oportunidade.
Outra
coisa importante: cada um opina, cada um participa. Ninguém é
dono da verdade, ninguém sabe tudo. Pedir ajuda não é vergonha
alguma. Ruim, no caso, é ficar quieto, calado.
4)
Nada é imutável
Uma
coisa que eu acho muito legal em sonorização é que se dermos o
mesmíssimo equipamento para 10 pessoas diferentes, é bem
possível que encontremos umas 3 ou 4 formas de montar diferentes.
Isso não é problema, na verdade é vantagem. Tudo bem que
algumas formas darão mais ou menos trabalho, mas o importante é
o resultado obtido. Se uma forma teve pouco trabalho e ótimo
resultado, é isso que estamos procurando.
Eu
estou explicando isto porque precisamos que a equipe encontre
isto, a melhor forma de trabalho. Ou o melhor resultado sonoro com
o mínimo de trabalho. Isso demandará testes, muitos testes, e
será uma decisão em conjunto. Só para vocês terem idéia, lá
no outro Anfiteatro, levamos 2 anos para achar a configuração
ideal.
No
último evento, vocês fizeram as vozes com 4 microfones overs.
Hoje, vamos trabalhar com 16 microfones dinâmicos de mão. O
resultado pode ser melhor ou pior, e só vamos ver na prática.
Mas como a mesa só tem 32 canais, pode ser que 16 canais para
vozes sejam excessivos e precisemos diminuir para 12. Isso só o
tempo dirá.
Não
existe problema algum nisso, e será ótimo, pois vocês terão
oportunidade de ganhar experiência com os testes. Problema é
achar que algo é fixo, tem que ser assim porque alguém falou.
Então, não tenham medo de mudar, não tenham medo de arriscar.
Aprendemos mais com nossos erros do que com nossos acertos.
Testem, testem, façam mais testes. Um dia, com bastante
experiência, vocês descobrirão qual a melhor configuração,
qual a forma de obter o melhor resultado.
E
ainda assim, preparem-se: um dia vai chegar alguém aqui e pedir
uma coisa completamente diferente de tudo o que vocês já
enfrentaram. Nesse dia vocês verão como ter feito muitos testes
ajuda, pois servirão como base para as novas mudanças.
5)
Nosso trabalho é em CORPO com os músicos e cantores
A
Bíblia ensina lá em 1 Coríntios 12:
“Porque,
assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os
membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também.”
Louvor
a Deus é uma coisa que envolve músicos, cantores, operadores de
som. Música sem letra, sem vozes, é algo bonito, mas não
transmite mensagem alguma. Vozes sem música é até bonitinho de
ouvir um pouco, mas ninguém agüenta nada além que um pouco.
Eles sem nós operadores alcançam talvez umas centenas de
pessoas, mas nunca 2.500 pessoas. E nós sem eles não somos nada,
no máximo reduzidos a um playback!
Então,
nada de briga com cantores e músicos. Vocês estão proibidos de
chegar para um cantor/músico para criticá-los, dizer que não
cantam bem, que tocam mal, que são surdos e/ou qualquer outra
coisa. O que vocês podem fazer é chegar para o responsável pelo
grupo e reclamar com ele, e olhe lá.
Cuidado
com o que disser, cuidado com o jeito que falar as coisas. Em vez
de dizer “que tecladista ruim você arranjou”, diga:
“companheiro, será que você não tem um outro tecladista para
testar? “ Quando alguém chegar pedindo alguma coisa, fale que
você tem ordem de solicitar que o pedido passe primeiro pelo
responsável, antes de poder fazer. Não diga “você não tem
que me pedir isso não, tem que falar com Fulano”. Diga que
existe uma ordem (tira-se o caráter pessoal da coisa) e mostre
que existe uma hierarquia a ser obedecida.
Mas
uma coisa vocês podem fazer: insistir 1.000 vezes que todos
precisam chegar cedo para fazer a passagem de som do evento. Por
outro lado, vocês tem que dar motivo para poder fazer essa
colocação, e o motivo é estar tudo pronto realmente 01 hora
antes do evento.
Por
último, insistam em ensaios, ensaios e mais ensaios. Aqui no
Anfiteatro e na igreja de vocês. É nos ensaios que aprendemos os
hinos, conhecemos os arranjos, as voltinhas, tudo. É essencial
conhecer bem os hinos.
6)
BRIEFING
Essa
palavra, em inglês, é usada no meio militar. Ela nada mais é
que uma reunião prévia, antes da ação, onde todos os
envolvidos se juntam, discutem como será a ação, estudam qual a
melhor forma de fazer, antecipam os problemas, etc.
No
trabalho de vocês, antes de cada evento, vocês se reúnam.
Haverá um momento para oração, haverá um momento para
conversar sobre o evento em si. Quem será o pregador,
necessidades especiais, problemas que podem acontecer.
Também
se divide as tarefas, tanto quanto a montagem (Fulano montará o
som dos cantores, Beltrano montará os instrumentos, Siclano
montará a mesa de som) quanto na operação de som (Fulano irá
ficar com os pastores, Beltrano na monitoria e Siclaro operando a
mesa de som). Em resumo: a reunião aborda todos os aspectos
possíveis, e divide as tarefas entre os integrantes da equipe.
Isso
terá grande impacto sobre os trabalhos. Na montagem, ao se
dividir as tarefas, cada um já sabe o que tem que fazer e a
tarefa a cumprir. Evita-se desperdício de tempo, evita um monte
de “baratas tontas” andando para lá e para cá sem saber o
que fazer.
Quem
for designado para montar os cantores irá montar tudo referente a
eles: desde os pedestais de microfone, os microfones, os cabos,
medusa (se houver) até as caixas de retorno. Também será a
pessoa que irá testar os microfones.
Quem
for designado para montar os instrumentos (não os instrumentos em
si, mas a preparação para receber os instrumentos) terá que se
preocupar com os microfones, os pedestais, diretc boxes. Terá que
providenciar energia elétrica para os instrumentos eletrônicos
(pedaleiras, teclados) e testar tudo.
Quem
monta a mesa de som precisa ligar a mesa de som, periféricos, os
amplificadores, testar cada caixa de som individualmente,
microfones sem fio, orientar quais quais serão usados para os
cantores e cada músico.
Feito
um bom briefing, feita uma boa divisão de tarefas, o serviço
fica muito mais fácil. E na próxima vez, reveza-se. Quem montou
cantores hoje montará os instrumentos. Quem montou os
instrumentos montará a mesa de som, e quem montou a mesa montará
os cantores. Com isso, todo mundo aprende todos os trabalhos.
7)
Seja o seu falar Sim Sim, Não Não no trato com as lideranças.
Por
último, tome cuidado com o seu falar junto às lideranças. Não
só o falar, mas até o seu comportamento, o seu jeito de andar,
de se comportar.
Só
há três coisas que chefe gosta de ouvir: “Sim Senhor”, “Pode
deixar, já vou providenciar” e, quando acontece algum problema,
“Desculpe, isso não vai acontecer novamente”. Pode ter
certeza que qualquer coisa além disso é de procedência
maligna.
Lembre-se:
chefe manda, você obedece. Simples assim. Então, faça o que te
pedirem. Mas...
-
haverá pedidos impossíveis, sem condições técnicas de
atender. Explique então que você não tem a aparelhagem para
atender a solicitação. Se pediram algo que já foi solicitado,
aproveite para lembrar “aliás, pastor, isso já foi solicitado
X tempo atrás, exatamente para poder atender um pedido como
esse”.
-
haverá pedidos difíceis de fazer, seja pelo tempo, seja pelo
grau de dificuldade. Lembro que, faltando 05 minutos para o início
de um evento grande, um pastor pediu para instalar uma caixa de
som do lado de fora de um ginásio, a quase 100 metros de
distância, para o pessoal do apoio ao evento, que ficaria de fora
do ginásio.
Ora,
era um pedido possível, porque eu tinha o equipamento, inclusive
o cabo, mas era impossível passar 100 metros de cabo por cima da
estrutura em 5 minutos, mas era bem provável que duas pessoas
fizessem isso em 30 minutos. Então, avisei que conseguiria
atender o pedido dele daqui a uma hora. Ele ficou satisfeito, e eu
ganhei o dobro do tempo que realmente achava necessário, pois
assim teria tempo para resolver qualquer problema encontrado.
-
haverá pedidos que trarão problemas ao som. Já vi pastores
pedindo coisas erradas tecnicamente falando. Nessas horas, é
preciso ter muita paciência. “Pastor, essa caixa que o senhor
pediu não pode ficar ali, ela causará microfonia”. Junto,
sempre proponha outra alternativa: “mas se ficar ali naquele
lado, não terá problema algum”.
Se
ele aceitar, ótimo. Se não aceitar e insistir, avise: “pastor,
já estou indo colocar a caixa lá, mas já aviso que não me
responsabilizo no caso de problemas”. Provavelmente dará
problemas, provavelmente todos vão falar mal do som, não de quem
mandou colocar uma caixa ali, mas a liderança saberá muito bem
de quem é a culpa, e isso basta.
-
você às vezes receberá uma ordem que vai contra outra ordem.
Pastor 1 proibiu de fazer uma coisa, pastor 2 veio depois e mandou
fazer exatamente o que foi proibido. Se o pastor 1 estiver
presente, você pode até chamá-lo e pedir para os dois
conversarem. Na falta do pastor 1, a autoridade presente é o
pastor 2, e você deve obediência a ele. Se acontecer alguma
coisa, você estará coberto, pois estava obedecendo a uma ordem
direta. O grande problema, no caso, é desobedecer a uma ordem
dada por uma liderança.
Então,
é só. Agora, vamos todos ao trabalho. Vocês dois, mais
experientes, vão ficar comigo, aqui de fora, olhando. Vocês 4
(um mais experiente, três menos experientes) vão lá montar
tudo. São 12:50, o evento inicia-se às 14:00h, quero tudo pronto
às 13:10, no máximo 13:20h. Se vocês fizerem tudo certo, esses
30 minutos dão e sobra!
Resultado
da aula: foram montar, não fizeram briefing, ficaram iguais
baratas tontas, cada um se metendo no trabalho de outro. O rapaz
que foi montar a mesa não tinha domínio do equipamento, não
sabia lidar com alguns periféricos, perdeu muito tempo por causa
de um único erro (um botão que deveria ser apertado, e não
foi), não procurou nem o manual nem foi consultar alguém mais
experiente (a gente estava logo ali, próximo).
A
montagem praticamente acabou às 14:00hs, no início do evento.
Não teve passagem de som, o resultado foi sonoramente horroroso.
Caixa de retorno dos pastores não funcionou e choveu reclamação
de que não estavam ouvindo.
No
intervalo, volta todo mundo... onde foi o problema?
“Simples,
a culpa é do Fernando que só parou a conversa 12:50h, a gente
deveria ter começado a montar muito mais cedo.“
Pensei:
“ai Jesus... essa equipe vai dar um trabalho... . Mas tudo bem.
A gente aprende mais com erros do que com acertos!”
Toda
essa história foi real, aconteceu sábado dia 13/Novembro.
Obviamente, nomes, locais e denominações não importam. Não
estamos aqui para encontrar culpados (aliás, se teve um culpado,
fui eu!). Mas que a história contada aqui tenha proveito a todos
os que lerem, para suas igrejas e suas próprias equipes, para
minimizar erros e melhorar os acertos, buscando assim uma benção
no trabalho de sonorização de igrejas.
|