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A importância do Louvor na Igreja (parte 2)

O problema de desconhecimento do equipamento é muito mais sério para o operador de som do que para o músico. Se o músico não conhece bem seu instrumento o máximo que vai acontecer é não obter o resultado desejado. Já se o operador não conhecer seu equipamento, poderá até mesmo causar danos aos aparelhos. Quem nunca viu um canal queimado porque um instrumento foi ligado na entrada de microfone?

Para o cantor, conhecer o seu "instrumento" (o microfone) pode ser de grande valia. Se os cantores tiverem noções de diagrama polar e de como uma microfonia é causada, com certeza a vida do operador de som seria muito, muito mais fácil. Quem nunca viu um cantor praticamente "apontar" o microfone para a caixa e ainda por cima achar que isso é normal? E o efeito de proximidade pode gerar sonoridades excelentes, mas os cantores precisam conhecer o funcionamento desse efeito para aproveitá-lo. É papel do operador de som ensiná-los a se portarem diante do "instrumento" microfone. Até mesmo o modo de repousá-lo no colo ou na cadeira ou banco é importante. Isso é trabalho em equipe.

Outro ponto de conflito são músicos "surdos". Qual operador de som nunca reclamou que A e B são absolutamente "surdos", e querem os seus volumes muito mais alto que os dos outros? A parte de monitor de som para os músicos é fruto de conflitos sérios entre o sonoplasta e os músicos. Os músicos querem mais, mais, mais volume, e o operador quase nunca pode dar tudo o que eles querem. Problemas na parte de monitoração podem causar até atritos entre os próprios músicos. Conheço uma jovem violonista que fala que "quando C toca, eu não quero chegar nem perto do palco". Ele toca tão alto que eu nem consigo me ouvir".
Por incrível que pareça, esse problema é de fácil solução. O uso de fones de ouvido individuais pode acabar completamente com esse problema, tendo um custo relativamente baixo de implantação. Muitos músicos não conhecem essa solução, que precisa ser levada a eles pelos técnicos de áudio. Isso é um exemplo de trabalho em conjunto: o operador atuando para resolver um problema individual dos músicos e - com isso - melhorando todo o grupo.

Um eterno motivo para conflito é a (ir) responsabilidade com os equipamentos e instrumentos musicais. Aqui os cantores se salvam, pelo fato de não terem instrumentos/equipamentos para cuidar. Tenho alguns exemplos absurdos de irresponsabilidade.
Conheço uma igreja que tem 4 violões. Quebrou a corda de um, algum tempo depois quebrou a corda de outro, algum tempo depois quebrou a corda de outro, algum tempo depois quebrou a corda do último. E aí não tinha mais violão. Detalhe: havia jogos de corda novos guardados e todos cientes disso. Não havia era boa vontade para trocar as cordas. Teve que o pastor da igreja intervir para que alguém se animasse para resolver o problema.

Uma igreja para 150 pessoas tinhas 5 amplificadores. Dois Ciclotron DBK 720 em uso, um DBK 1500 com defeito, um DBK 2000 com defeito e um DBK 1500 "de reserva", guardado na caixa ainda. Conversando com o "responsável" pelo som, ele sempre achou que o conserto dos amplificadores devia ser muito caro, e não compensava, então preferiu pedir para comprarem novos logo. Detalhe: ele nem levou os equipamentos na autorizada para saber qual o problema. Pedi para ele deixar os amplificadores comigo, e levei para um técnico amigo. O DBK 2000 tinha queimado um CI de R$ 1,00. Já o DBK 1500 estava com problema nos jacks P10 de entrada e saída, gastei R$ 8,00 para trocar. Gastei R$ 9,00 para recuperar equipamentos no valor de R$ 1.500,00.

Um problema sério, principalmente em eventos fora da igreja, é a desorganização pessoal. Isso acontece muito com músicos. Mais uma vez, os cantores são privilegiados, pois andam sempre com seus equipamentos (cordas vocais), não os esquecendo em lugar nenhum. Quantas vezes vi os músicos levarem seus instrumentos com acessórios elétricos (pedaleiras, cubos, teclados, etc), mas não levavam sequer uma única extensão de energia nem pilhas. Ou então levavam o teclado e esqueceram o suporte. Já vi essas cenas inúmeras vezes, e aí os músicos ficam pedindo para o pessoal do som providenciar uma extensão, uma mesa, etc. Em eventos o operador de som já tem inúmeras coisas para fazer e ter que ajudar os desorganizados é algo penoso. Duro é ver alguém carregando um teclado de 2.000,00 reais e não ter uma mísera extensão de energia de 10 metros e 15,00 reais no case.

Mais um ponto de conflito: os "folgados". Há gente que acha que os operadores de som são seus empregados. Já ouvi inúmeras vezes de alguns músicos "Vocês não trouxeram o meu instrumento? Eu já avisei: "cuido de som, não de instrumentos. Já tenho muito de som para carregar."
Aconteceu uma viagem de evangelização para o interior do Estado. Um ônibus iria levar o pessoal. Cheguei cedo, fui levar os equipamentos e um rapaz que iria viajar para cuidar do som. Chegamos cedo, antes do ônibus e tiramos as coisas de som do carro (caixas, mesa, amplificador, cabos). As pessoas foram chegando, deixando suas malas, seus instrumentos, tudo ali perto. O ônibus chegou, e junto com o rapaz coloquei as coisas no bagageiro e fui embora. Ele entrou no ônibus e se acomodou. Após algum tempo, com o ônibus pronto para partir, alguém do lado de fora guitou "Ei, e essas coisas aqui?". Eram os instrumentos musicais. Um dos músicos perguntou "Ei, você do som, não vai guardar os instrumentos não?" O meu amigo respondeu "Sim, os meus equipamentos já estão guardados. Aqueles alí não são meus". O pastor repreendeu nos músicos.

Costumo ficar triste com os cantores. Qualquer evento fora da igreja envolve pelo menos uma dezena de varões tenores e baixos (ou até barítonos). Terminado o evento, há um monte de equipamento para desmontar e os mesmos simplesmente fazem que não é com eles. Tenho que ficar pedindo ajuda, insistindo e muitos se negam a ajudar. "Vai sujar a minha roupa", já ouvi, como se a minha roupa pudesse sujar e a dele não. É duro e triste. Depois de se carregar mais de 100kg de equipamentos sozinho ou em dois, dá um desânimo danado e uma vontade de desistir enorme. Aliás, muitos ficaram pelo caminho porque som é uma profissão ingrata mesmo, neste aspecto de carregar peso e ninguém querer ajudar.

Outro conflito: comprometimento com os cultos e eventos. É comprometimento com Deus, não com homens. Um técnico de áudio sabe que é o primeiro a chegar e o último a sair da igreja. Da mesma forma, os músicos e cantores precisam chegar cedo também. A passagem do som antes do evento é algo muito importante para o resultado sonoro. Costumo dizer que, se passar o som antes, tudo dará certo (as microfonias serão corrigidas, etc). Se não passar o som, só Deus...

Muitas vezes os instrumentistas e cantores nos deixam em uma enrascada. Eles chegam faltando minutos para o início do culto/evento, e ainda querem ligar seus instrumentos / microfones. Aí somos nós operadores de som que nos levantamos e nos movimentamos para passar os cabos, pedestais e equipamentos. Aí o público que já chegou olha a situação e pensa que a falha é nossa. Há algum tempo não faço mais isso. Já deixo cabos, microfones e até pedestais do meu lado, e caso necessário eu passo para eles sem sequer me levantar da cadeira. Imaginem a cena de um pedestal passando por cima da cabeça de um monte de gente.

Vida de cantor é sempre mais folgada. Pode chegar mais tarde que o músico, mas tem gente que abusa! O cantor vai fazer solo e chega faltando 3 minutos para o culto. E como ficou a passagem de som? Não teve passagem de som! Depois dá microfonia ou fica ruim e a culpa é de quem: do sonoplasta! É dureza. Comunique ao responsável pelo louvor da igreja, situações dessas não podem acontecer.

Um outro conflito que pode existir é a questão de ego pessoal. Dá pena, mas já vi instrumentistas que não se "bicam" e não tocam juntos nunca, como também cantores que ficam oprimidíssimos porque não são escolhidos para fazer um solo na igreja, ou então a "turma do contra", gente que só sabe colocar dificuldade em tudo. Reclamam dos hinos escolhidos, dos responsáveis, dos músicos, dos cantores. Gente que atua nos bastidores, nas "conversar ao pé do ouvido", etc. Gente que só quer tocar nos cultos mais importantes, por questões de “visibilidade”. Não vou entrar em detalhes porque quem trabalha com louvor nas igrejas provavelmente já presenciou isso. Mas que ficamos tristes ao ver isso, ficamos. Fico imaginando como eles vão conseguir cair na "graça do povo" (Atos 2:47) se não conseguem nem sequer cair em graça uns com os outros. Depois a igreja começa a perder vidas e ninguém sabe o motivo.

Até mesmo entre técnicos de som de uma mesma equipe há problemas. Claro que existem gente mais experiente ou menos, mais paciente ou menos, mais competente ou menos. Mas que os mais experientes ensinem os mais novos. Que o mais paciente ensine o impaciente. Que o competente ensine ao que está aprendendo. Adianta ficar reclamando porque o culto foi um "festival de microfonias"? Já aconteceu, não tem como voltar atrás. Mas tem como ensinar a evitá-las no futuro.

Somos homens e passíveis de falhas, mas temos a incrível capacidade de aprender com nossos erros. Todos esses problemas que geram conflitos diversos entre os integrantes do louvor da igreja podem ser corrigido. Falhas técnicas precisam de correções técnicas, investimento em equipamentos, treinamentos. Algumas atitudes ruins precisam de novas atitudes. Responsabilidade pode ser ensinada e deve ser cobrada. Comprometimento da mesma forma. Não basta ensinar música nem canto nem sonorização, mas também organização, planejamento, solução de pequenos problemas.

E para terminar, vamos relembrar: o trabalho de um influencia diretamente no resultado do trabalho do outro. Se todos trabalharem bem, o esforço individual de cada um será melhor e até mesmo mais fácil. 

Publicado em: Sonorização Ao Vivo para Igrejas, páginas 6 a 10. 
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