Ao considerarmos um sistema de sonorização ao vivo (sistema de PA), vale a pena antes fazer uma abordagem geral que nos proporcionará uma compreensão mais abrangente do sistema de PA total.
O termo originalmente vem das palavras "Public Address" que no Inglês eram empregadas para se referir a um sistema de som endereçado (address) a um público (public). Mais recentemente convencionou-se utilizar o termo "Performance Audio" em referência aos sistemas de sonorização de shows e eventos mantendo-se, ainda a conveniência de podermos utilizar a sigla PA.
Assim, quando aparecer nesta apostila a expressão “PA”, ela indica um sistema de sonorização ao vivo, não importando se dentro de uma igreja, auditório, ginásio ou qualquer outro lugar, também não importando o tamanho do público.
Dada a introdução, vamos à análise geral dos componentes de um PA. Todo PA é composto das seguintes áreas:
• Captação
• Processamento
• Projeção
• Interligação
• Acústica
• Operação
• Interligação
• Acústica
• Operação
Existe uma interdependência entre cada uma destas áreas de modo que poderíamos ilustrá-las como uma corrente de seis elos. Cada um dos elos tem particularidades e exigem investimento. O que não se pode é investir demais em uma área e abandonar outra, pois a força de uma corrente é medida pelo seu elo mais fraco.
Captação
Envolve a captação de sons. Nesta parte vamos nos preocupar com os microfones, sua seleção e posicionamento. A idéia é otimizá-los, de modo que o som que eles enxergam (captam) seja de fato uma representação fiel da voz ou instrumento que desejamos amplificar. É importante que se faça bem a captação, pois não há como recriar ou consertar o som que não foi bem captado. Por ser a captação o primeiro dos elos é ela que vai determinar a qualidade a ser mantida em todos as demais etapas da nossa corrente de sonorização.
Processamento
Feita a captação, os sinais chegam à mesa de mixagem onde tem início o seu processamento. Nesta fase o som passa por todos os aparelhos: equalizadores, compressores, crossovers, gates, etc., até chegar nos amplificadores.
Aqui, a qualidade dos equipamentos, o correto uso e até a ordem de ligação dos mesmos afetará o som. Saber aproveitar os recursos disponíveis da melhor forma possível é essencial na vida do técnico de áudio.
Projeção
É realizada pelas caixas de som, que irão projetar o som amplificado para o público.
A qualidade das caixas de som é algo tão importante quanto a qualidade dos microfones. Caixas de som ruins terão um som também ruim – embolado, sem nitidez, sem “brilho” ou “peso”. Não se consegue diferenciar os vários instrumentos e vozes.
O posicionamento das caixas acústicas também é igualmente importante. O mau posicionamento pode criar zonas sem inteligibilidade, onde ninguém situado nessas zonas conseguirá entender o que está sendo falado ou cantado. Além disso, o mau posicionamento pode gerar problemas de realimentação nos microfones – a microfonia. Por último, as caixas têm ligação direta com a acústica do local – a reverberação.
Interligação
É a parte que trata dos cabos e conectores, que farão a conexão dos equipamentos uns com os outros. Existem cabos e conectores adequados para usos específicos em sonorização, e o uso inadequado deles pode estragar totalmente o som.
Cabos e conectores são quase sempre menosprezados, mas são a maior fonte dos problemas em um sistema de PA. Em caso de falhas, são os primeiros e principais suspeitos.
Acústica
O som projetado pelas caixas acabará sendo alterado pela acústica do ambiente. Quanto menor e mais uniforme for a alteração, melhor a acústica. A acústica do lugar é a responsável pela existência da chamada reverberação - uma série de rápidos reflexos do som que se confundem com o som original, atrapalhando a nitidez e a compreensão da palavra falada ou cantada e que, portanto, devem ser evitados ou minimizados.
Saiba que muitos problemas de acústica são resolvidos com a mudança da posição das caixas de som, outros são resolvidos simplesmente com a alteração da distribuição de volumes pelas caixas, e algumas situações se resolvem até com a diminuição da quantidade delas. Também é possível melhorar a acústica com o uso de materiais que aumentam a absorção do ambiente.
Operação
É a parte relacionada com o técnico de áudio, o operador do sistema de som. Quanto à parte técnica, é o elo mais importante de todos. Os equipamentos, por melhor que sejam, não trabalham sozinhos. É uma pessoa que vai operar, fazer tudo funcionar. É o elo mais importante pois será o responsável por todos os outros elos, fazendo tudo funcionar convenientemente. É claro que equipamentos bons trazem bons resultados, mas somente se alguém souber aproveitar os recursos.
Costumo dizer que prefiro um bom operador com equipamento mais simples, do qual ele vai tirar o máximo possível, do que um operador inexperiente com equipamento de ponta. O bom operador sabe até onde ir, evita as microfonias, faz o possível. Já o inexperiente...
O sétimo elo da corrente: a parte espiritual
Quando uma empresa faz a sonorização de uma palestra, um evento qualquer, um show, ela tem que se preocupar com 6 elos da corrente, referentes ao aspecto material da sonorização. Mas dentro de uma igreja, existe mais um elo para nos preocuparmos. Existe o inimigo das nossas almas, que está sempre a nossa volta procurando brechas e falhas. São as potestades malignas, as opressões deste mundo. O inimigo não gosta da pregação da palavra de Deus, e onde ele puder atuar para atrapalhar, irá fazê-lo, e a parte de som é um dos seus locais preferidos para atacar.
Cabe ao servo do Senhor que opera som nas igrejas ter o cuidado para estar com a sua vida espiritual "em dia" com o Senhor. Não basta ter os melhores equipamentos e os maiores conhecimentos sobre sonorização. Também é necessário cuidar do testemunho pessoal, ser um servo de oração, jejuns e madrugadas. Tudo isso é importante na luta contra o maligno. Precisamos pedir livramentos ao Senhor para esse trabalho, que é muito visado pelo inimigo.
Publicado em: Sonorização Ao Vivo para Igrejas, páginas 11 a 13.