Como desenvolver bem os projetos acústicos em arquitetura

A arquitetura acústica não é um capricho ou privilégio em um projeto. É uma necessidade! A preocupação do profissional com a boa eficiência acústica vale tanto para projetos residenciais quanto aos corporativos ou comerciais. 

Ao tratarmos de moradias, o modo de vida atual exige uma relação harmoniosa entre som e ambiente. Afinal, o cinema hoje está dentro de casa. A área gourmet reúne cada vez mais amigos e familiares. Por isso, as paredes necessitam conter a reverberação sonora, poupando perturbações à vizinhança e até minimizando os efeitos dentro da própria casa.
Já quando o assunto são edifícios comerciais, a preocupação com a arquitetura acústica é primordial. E arquitetos tem a obrigação de saber projetá-los bem. Restaurantes, escolas, consultórios médicos, casas de shows, entre outros inúmeros espaços, aliam corretamente sua geometria e seus materiais de acabamento em busca da melhor desempenho acústico e de proporcionar maior qualidade de vida ao consumidor. 

Mas não pense ser fácil desenvolver um bom projeto de arquitetura acústica. A atenção aos detalhes é primordial na arquitetura acústica. Pequenas falhas podem, infelizmente, comprometer todo o projeto. O principal objetivo do projeto sonoro é o de promover uma boa relação dos habitantes com o ambiente e para isso acontecer, a acústica necessita estar em perfeito equilíbrio. No espaço projetado, os sons não podem causar incômodos ou dificultar a comunicação. 

OS CONHECIMENTOS FÍSICOS DO SOM
O arquiteto para trabalhar bem com projetos de acústica, necessita entender um pouco mais de física. O som se constitui de ondas as quais são transportadas pelo ar. Para isso, ele se utiliza de fenômenos físicos como a reflexão, difração, reverberação, eco, ressonância e absorção. Todos estes eventos fazem com que o som interaja com o ambiente podendo ampliar ou reduzir seu potencial acústico. Nesse momento, entra o bom trabalho dos arquitetos ao compreender os fenômenos, saber realizar cálculos espaciais e trabalhar com materiais adequados para atingir o resultado desejado. 


Primeiramente, o arquiteto precisa entender bem a necessidade do cliente. E é preciso que o cliente determine o grau de privacidade que o projeto exigirá. A partir deste momento, o profissional pode trabalhar sobre as possibilidades de tratamento de som e oferecer as melhores possibilidades. Escolas e hospitais possuem regras fixas em relação ao volume exigido em seu interior. Nesses casos, o arquiteto trabalhará o projeto de acordo com regras a fim de atingir o resultado desejado. 


INFLUÊNCIA NAS ESCOLAS
A importância da acústica é tanta que, de acordo com o Laboratório de Acústica Ambiental da UFPR (Universidade Federal do Paraná), pode até prejudicar o desenvolvimento de fala das crianças. No ensino primário, elas estão formando o vocabulário e as conexões cerebrais. Um problema acústico em salas de aulas se torna um fato grave. No Brasil, em muitas delas, o tempo de reverberação pode chegar a 03 segundos. O recomendado pela OMS é de 0,6 segundos. Este fato pode levar a perda de 30% a 40% das sílabas faladas, gerando assim, deficiência de aprendizagem. 


Portanto, as escolas necessitam de salas de aula com melhor aproveitamento de reverberação e isolamento total de sons e ruídos externos, pois tais exigências garantem maior inteligibilidade às palavras e aos ensinamentos dos professores. 

PILARES DA ARQUITETURA ACÚSTICA
Um bom projeto de arquitetura acústica está embasado em cinco pilares básicos. É preciso ao profissional compreender e conseguir manipular os ruídos de forma ideal. 

– ruídos de fundo (HVAC): são aqueles desencadeados por sistema de ventilação ou ar condicionado. Cabe ao profissional, encontrar maneiras de atenuá-los. 

– ruídos externos e suas fontes: o local onde será desenvolvido o projeto é de extrema importância nesta situação. Se próximo a grandes avenidas ou ruas tranquilas. Se em uma região de grande concentração comercial e de pedestres. Se próximo a aeroportos ou terminais de ônibus, etc. Tudo deve ser colocado de forma prévia no papel. Caberá ao arquiteto encontrar alternativas para contornar ou extinguir o som externo, e garantir o conforto acústico ideal. 

– isolamento acústico: o profissional de arquitetura deverá incluir no projeto materiais com a finalidade de impedir a passagem do som entre ambientes distintos. Os materiais podem ser refletores, absorventes, difusores. Cada um deles possui uma função acústica e será utilizado conforme a necessidade do projeto em questão. 

– tempo de reverberação: é preciso entender muito bem este conceito e saber trabalhar corretamente com ele (veja tópico abaixo). Pois é através dele que o que é dito em um ambiente chega de forma compreensível aos ouvidos dos interlocutores. Neste aspecto, não apenas a estrutura, mas também a finalidade do projeto deve ser levada em consideração. Por exemplo, em uma sala de teatro, todos os espectadores precisam entender perfeitamente o que foi dito. Já em uma casa de shows, o que mais importa é a passagem e a intensidade do som. 

– sonorização e mascaramento: estão intimamente ligados ao conforto proporcionado ao ambiente. Ou seja, priorizar a clareza do som e mascarar ruídos, evitando que os presentes sintam incômodos ou distração. Isto certamente aumentará o foco e melhorará o ambiente.