Testador de Cabos Behringer CT100
Quem já passou aperto com cabos ruins sabe bem a dor de cabeça que é. Você faz tudo certo mas, por causa de um cabo com mal-contato, põe tudo a perder. Nunca vou esquecer o evento onde eu tinha 40 cabos XLR-XLR, e os únicos 2 com defeito foram parar exatamente na mão do cantor solista (dois cabos menores emendados como um só). Cabos defeituosos são a maior causa de problemas em um sistema de sonorização.
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Todo técnico de som sabe que é necessário testar TODOS os cabos ANTES de um evento. Esse teste é feito com um equipamento simples, chamado multímetro, vendido em qualquer eletrônica ou lojas de material elétrico. Ou até em camelôs, dependendo da cidade. São simples e baratos, indo de 20,00 a 25,00 reais. Existem modelos profissionais caros, mas os modelos digitais baratos servem muito bem para testar cabos.
O teste consiste em medir a continuidade do sinal nas vias (cada fio) de um cabo de um lado até outro. Coloca-se uma das pontas de prova do multímetro no conector de um lado e a outra ponta no outro conector, e mede-se a continuidade. Se o valor for nulo, o cabo está ruim. Se houver continuidade entre o pólo positivo e o negativo do conector o cabo está em curto. Alguns testes são fáceis de uma única pessoa fazer (testar cabos P10-P10 por exemplo), outros exigem veradeiros malabarismos (teste de cabos XLR-XLR), sendo às vezes melhor realizados por duas pessoas.
Esse teste é bom, mas insuficiente. Ele não costuma detectar cabos com problemas intermitentes. Pode-se realizar o teste e o cabo ser aprovado, mas na hora do uso falhar. Logo, é sempre interessante fazer um teste com passagem real de som. Por exemplo, testa-se cabos de microfones com alguém falando em um microfone e ao mesmo tempo balança-se o cabo em todas as direções possíveis. Se houver uma falha, vai aparecer.
Aliás, é mais comum a ordem inversa dos testes: primeiro testamos com passagem de som e, em caso do cabo não funcionar ou estar com indução ou algum tipo de problema, usamos o multímetro para descobrir a causa. Só que em um evento, quando já tem público esperando o início do mesmo, não dá para ficar testando mais nada com passagem de som.
Existem testadores de cabos profissionais. Em Novembro/2006, o Maurício da cidade de São Mateus/ES perguntou no Fórum sobre um testador de cabos, o Behringer CT100. Citou que o aparelho poderia ser encontrado na Antelsat, loja em Linhares/ES, por 235,00 reais. Na ocasião, respondi sem ter o aparelho em mãos que o mesmo não deveria ser muito mais que um tipo de “multímetro avançado”, e que obviamente não compensaria gastar esse valor, já que um multímetro digital é barato e permite tranquilamente a realização de testes em cabos de áudio.
Estive viajando a serviço, e por um acaso estava eu na cidade de Linhares, e o local de trabalho era praticamente ao lado da loja. Como não resisto a uma loja de equipamentos de sonorização, fui lá, vi o aparelho, dei uma olhada no manual e descobri que o mesmo pode ser de grande utilidade. Acabei surpreso com o mesmo, e aproveitando que sobrou uma boa parte do dinheiro de diárias que recebi, comprei-o.
O Behringer CT100 tem medidas de 11x04x08cm. Pouco menor que uma Bíblia pequena. O que impressiona é o peso: quase 1kg. Esse peso todo e sua construção em aço dão a impressão de ser muito resistente. Ainda não caiu no chão, então não vou garantir nada. Há um clipe para cinto, permitindo ao operador carregar o aparelho consigo.
O testador realiza testes dos seguintes conectores: XLR / P10 / P2 (o plugue de fone de ouvido) e RCA. Esses são praticamente todos os tipos usados em sonorização ao vivo, deixando de fora apenas os conectores de caixas acústicas (banana e Speakon). Há ainda possibilidade de se testar cabos Midi e TT (cabos de fibra ótica), mais comuns em estúdios, utilizados para interligação de equipamentos de gravação.
Os testes podem ser com cabos equipados com o mesmo conector (XLR-XLR, P10-P10, etc) ou até mesmo cabos com conectores diferentes (XLR-P10, P10-P2, RCA-XLR). Qualquer conjunto poderá ser utilizado, mesmo os mais estranhos (alguém já teve que usar um cabo XLR-P2?). É possível testar conectores P10 e P2 mono (TS) ou estéreo (TRS).
O funcionamento é bastante simples, nem exige leitura do manual. Basta realizar a conexão que o aparelho injeta sinais de um lado e verifica se esses sinais estão chegando do outro. Se chegar, as luzes acendem. Se alguma luz não acender, é sinal de cabo com problema. Trabalho idêntico ao realizado por qualquer multímetro. Mas e como fica os problemas de intermitência? Aí foi necessário recorrer ao manual, simples – duas páginas apenas – mas eficiente.
Cabo defeituoso. O negativo está OK, mas o positivo (Pin 2/Tip) não. Como o plugue P10 é mono (TS), acendem as luzes do Pin 1/Sleeve e Pin 3/Ring.
Se após fazer o teste inicial der funcionamento OK, o fabricante manda pressionar o botão de Reset. Esse botão armazena a exibição do estado de cada uma das vias do cabo na memória do aparelho. Daí o fabricante pede para se mexer o cabo fortemente em todas as direções, balançar bastante. Qualquer interrupção do fluxo de sinal ou mesmo alguma variação (em vez de chegar 100% do sinal original, chega menos, por exemplo) acenderá a luz de intermitência e – pode confiar – é cabo que vai ter que ser revisto. O sistema é bastante preciso, e mesmo em alguns cabos que eu tinha certeza que estavam bons o aparelho acusou problema. E após uma verificação descobri que existiam pequenos problemas mesmo (um filamento solto, uma solda mal feita, etc)! Ponto para a Behringer!
Teste de cabo XLR-XLR. Os fios estão corretamente ligados, mas existe um problema de intermitência no pino 2 (ring). Na revisão, descobri problema de um dos fios do cabo estar rompido.
Só isso já traz uma enorme vantagem em cima do multímetro: não é mais necessário fazer o teste sonoro. Ganhamos um bom tempo, principalmente quem tem vários cabos para conferir. Até o próprio teste dos cabos é muito mais rápido que o feito no multímetro. E em um evento, a última coisa que temos é tempo.
Cabo P10-P10 com intermitência no positivo. Dias atrás eu usei o cabo e ele havia funcionado! Provavelmente só funcionou porque o mesmo ficou em uma posição que dava contato. Se alguém mexesse durante o uso, teria dado problema.
Aliás, o aparelho permite ser usado mesmo quando os cabos já estão interligados em outro equipamento. O mesmo emite um tom de teste, cujo sinal pode ser selecionado para -50dB (nível de microfone), -10dB (alguns tipos de equipamentos domésticos ou semi-profissionais) ou +4dB (equipamentos profissionais). Basta ligar o envio do sinal e ver se o equipamento o está recebendo (em geral, através de leds de sinal). O tom de teste pode ser 440Hz ou 1KHz. Quando fiz isso antes do culto uma jovem instrumentista até aproveitou para afinar o violão com o som de 440Hz. Boa a idéia da Behringer de incluir esse som.
Cabo XLR-P10 que veio acompanhando um microfone de baixo custo. O cabo é coaxial, sendo um fio conectado ao pino 1 (negativo) e outro ao pino 2 (positivo). Não existe jampeamento do pino 1 com o pino 3. Esse cabo funciona em mesas de baixo custo e não funciona em mesas com conectores balanceados (TRS), por falta do jampeamento. Note também a luz “Grounded Shield”, indicando que o fio negativo está ligado à carcaça do conector.
Há também no aparelho um intrincado sistema de leds que indicam o caminho do sinal. Cabos com pinagem invertida são detectados em instantes, da mesma forma de curtos-circuitos. Até mesmo a existência de Phantom Power (quando o cabo está ligado direto a uma mesa de som) é detectada pelo aparelho.
Há também no aparelho um intrincado sistema de leds que indicam o caminho do sinal. Cabos com pinagem invertida são detectados em instantes, da mesma forma de curtos-circuitos. Até mesmo a existência de Phantom Power (quando o cabo está ligado direto a uma mesa de som) é detectada pelo aparelho.
Cabo em curto entre o positivo e o negativo. Acende tudo.
Produto recomendadíssimo, indispensável até, mas…
Um testador de R$ 235,00??!! Claro que tem suas vantagens, principalmente na hora de um evento. Mas se fizermos um simples teste de passagem de som nos cabos ANTES do uso, já dá para separar os cabos bons dos ruins e depois com um multímetro de R$ 25,00 fazer os consertos necessários. Tudo isso bem mais barato. Evidente que quem for profissional vai investir em um aparelho desses, mas para igrejas, com orçamento apertado…
Algumas coisas no Brasil são complicadas. Esse aparelho nos EUA custa US$ 30,00 dólares, o equivalente a uns R$ 80,00 no Brasil (consulte os preços e lojas em:http://www.pricegrabber.com/search_getprod.php/masterid=3848543/search=behringer+ct100). Fica difícil engolir R$ 235,00, mesmo que seja em 36x sem juros. É o típico caso de aparelho que vende pouco porque é caro. Se fosse barato, com certeza venderia muito, e a vida de técnico de áudio seria muito mais fácil. Se tiver um conhecido viajando para o Exterior, aproveite e peça para ele trazer um na mala!
Para quem se interessar, existem outros modelos de testador de cabos. Vá em www.bhphoto.com e em “Search” digite “cable tester”. Vários modelos aparecerão. O melhor custo/benefício é o Behringer CT100.
Contribuiu para este teste o peazeiro Gustavo Benevides, feliz usuário do CT100, que não tem problemas de cabos quando faz suas sonorizações por aí. Ele inclusive passou mais uma dica: comprar um jogo de pontas de prova (das utilizadas em multímetros, com garra jacaré ou ponta fina mesmo) e adaptar um plugue RCA no cabo, ligando tudo no CT100. Assim, é possível fazer testes de continuidade em fios soltos ou cabos com conectores Speakon, substituindo o multímetro nesses casos. Brasileiro é criativo mesmo!