Audição vira ‘vítima’ do mau uso das tecnologias

O uso de tecnologias mudou comportamentos e estabeleceu novas rotinas. Mas junto com os computadores de mesa, telefones celulares e notebooks vieram os incômodos. Associados aos desajustes, entretanto, a exposição a níveis elevados de ruído em telefones portáteis e, no mesmo sentido, a postura inadequada no manuseio do PC, traz consequências para a saúde das pessoas (leia mais abaixo).

No caso da audição, os especialistas advertem para o risco “silencioso” dos efeitos, em razão da possibilidade de demora para que cada pessoa se dê conta da ocorrência. E aqui reside outra preocupação igualmente importante: a ocorrência pode ser irreversível. Alie-se ao fato a quase inexistente busca por exames periódicos junto a profissionais do ramo.  

No caso de utilização por longos períodos de computadores, a trabalho ou pela “febre da Internet”, a ‘conta’ já está sendo apresentada para uma boa parcela dos usuários: a dor de cabeça. Ocorre que nem sempre isso está sendo associado a erros de postura ou superexposição ao equipamento. E, na correria, a expansão do uso de tecnologias no cotidiano caminha na mesma velocidade do surgimento de problemas de saúde decorrentes do uso.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, 9,8 milhões de brasileiros apresentaram alguma deficiência auditiva. Conforme o senso, isso equivale a 5,2% da população. O dado mais preocupante, enfatiza a doutora Andréa Cintra Lopes, professora associada do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB), é que 7,2 milhões tiveram grande dificuldade para ouvir.

O parâmetro utilizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para discutir a questão tem outros ingredientes. A base de dados de 2011 aponta que 28 milhões de brasileiros possuem algum tipo de problema auditivo. Para a população do período do levantamento (190 milhões de brasileiros), o quadro aponta para 14,8% de incidências, dado muito próximo da estatística mundial. Conforme a mesma OMS, em 2013, 16% da população sofria com perda de audição.

Para os especialistas, a música intensa, em altos decibéis ‘colados’ ao ouvido pelos fones, dá o tom da gravidade. “O ideal seria a realização de campanhas de prevenção verdadeiramente efetivas, voltadas para crianças e adolescentes, alertando sobre o perigo da música alta, exposição do tempo do uso do fone de ouvido e a potência adequada para se ouvir música”, adverte a doutora pela FOB/USP.

Atenta às pesquisas sobre a exposição a som em alto volume pelo mundo, Andréa Lopes menciona que mais de cinco milhões de jovens norte-americanos apresentam alguma perda de audição causada, principalmente, por shows de rock, fogos de artifício, cortadores de grama ou walkman.

De acordo com o manual desses equipamentos, o walkman atinge 90 dB e alguns eletrônicos mais modernos podem chegar a 110 dB. “Mas o sistema auditivo humano suporta sons entre 85 e 100 decibéis. A exposição continuada a sons entre 100 e 120 dB pode levar à perda auditiva e, acima de 120 dB, pode provocar trauma acústico”, explica.

A OMS considera o volume acima de 85 dB durante oito horas ou 100 dB durante 15 minutos perigosos. Para reduzir o risco, a recomendação é que os jovens conservem o volume baixo dos aparelhos de som e que usem protetor auditivo ao visitar lugares ruidosos. O uso diário recomendável de equipamento de áudio não deve ser acima de 1h/dia e com o som baixo.

Publicado em: http://m.jcnet.com.br/Geral/2015/06/audicao-vira-vitima-do-mau-uso-das-tecnologias.html